Nanã Buruquê, também conhecida como Nanã ou Nanã Buruku, é a mais velha de todos os Orixás na Mitologia Iorubá. Ela é vista como uma Deusa que é avó de todos os outros Orixás. Neste artigo, eu vou escrever com ela, a história dela, diferentes mitos e perspectivas, os símbolos e o arquétipo dessa senhora misteriosa. Você também vai entender como ela participou na criação do mundo e dos primeiros humanos.
o Neo-Paganismo, Nanã se encaixa na face Anciã da Deusa Tríplice.
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Nanã Buruquê ajuda Obatalá a criar os primeiros humanos
Uma das histórias mais importantes da qual Nanã Buruquê participa é a criação do mundo e dos primeiros humanos de acordo com a Mitologia Iorubá. Tudo começou quando Obatalá, o criador, foi designado por Olorun para esta tarefa.
Resumindo, Obatalá criou tudo, desde a terra até os animais. No entanto, ele não criou humanos. Ele tentou fazê-los com materiais diferentes, mas falhou o tempo todo. Foi quando Nanã entrou em cena.
Nanã Buruquê vive em todos os lugares onde a água encontra a terra. Em outras palavras, a lama é onde ela mora. De preferência no fundo de lagos e rios. Quando ela se aproximou de Obatalá, ela levou consigo um pouco de lama e ofereceu a ele.
Com a lama de Nanã, Obatalá conseguiu criar os primeiros humanos e foi um sucesso!
No entanto, Nanã propôs um acordo: uma vez que os humanos vinham de sua lama, também deveriam retornar a ela. Foi quando ela se tornou responsável pela morte e por cuidar dos mortos.
Nanã e Obatalá se casaram e juntos simbolizam a criação e a morte, o começo e o fim.
A propósito, em todo o mundo, existem diferentes histórias em que os humanos também são criados a partir da lama ou do barro. É algo comum.
Nanã lida com Feitiços, Poções e Bruxaria
Nanã Buruquê é a Orixá conhecida por dominar feitiços, poções e bruxaria em geral. Mas ela não é a única.
Há uma história que mostra como Nanã foi vítima de um feitiço e como ela usou um outro feitiço semelhante para conseguir o que queria depois.
Para começar esta história, primeiro vou explicar o conceito de “egun”. Eguns são almas ou espíritos dos mortos. De acordo com a mitologia e religião iorubá, quando alguém morre, seu espírito deve voltar para a lama de onde veio. E essa lama, como você já sabe, vem da Nanã Buruquê. Portanto, ela é capaz de controlar os eguns e eles obedecem a ela.
Dizem que Nanã Buruku já foi uma juíza muito brava. Ela era leal a seus diretores, mas também agressiva ao deliberar sentenças. Ela tinha um jardim em seu palácio onde moravam muitos eguns. Sempre que uma mulher chegava até ela para reclamar de um marido, Nanã mandava os eguns punirem esse marido. Os eguns literalmente levariam o marido culpado à loucura.
Em um determinado momento, as pessoas ficaram preocupadas porque a Nanã passou a ouvir apenas as mulheres. Dessa forma, ela não conseguia julgar completamente uma situação e os maridos sempre eram considerados culpados e punidos (essa história parece ser uma “justificativa” para a ascensão do patriarcado).
Exú, o trapaceiro, disse a Ifá que o objetivo final de Nanã Buruquê era eliminar todos os homens!
Ifá pensou que ela estava fora de controle e bolou um plano para “apaziguar” Nanã. Este plano era casá-la com alguém!
Como você já sabe, Nanã Buruquê é a Orixá mais velha de todos. Então Ifá enviou Obatalá, outro Orixá muito velho, para se casar com ela. Obatalá, também conhecido como Oxalufã, visitou o palácio de Nanã e foi recebido com um banquete! Antes de começar a comer, Obatalá pediu a Nanã que preparasse um suco específico feito de “igbins” (espécie de caracol que simboliza Obatalá como um animal calmo e lento). Ela preparou! O suco estava pronto e Obatalá lançou um feitiço sobre ele, para que Nanã ficasse “mais calma” e “mais lenta” como o caracol. Ele pediu a ela para beber ao lado dele e ela bebeu.
O feitiço foi lançado. Nanã Buruquê ficou mais calma e lenta, e começou a pensar mais antes de tomar decisões.
Com o passar dos dias, Nanã começou a se apaixonar por Obatalá e por toda a sua serenidade também. Eventualmente, eles se casaram. Mesmo assim, Nanã nunca permitiu que Obatalá chegasse ao jardim dos eguns. Ela ainda guardava seus segredos.
Um dia, uma mulher procurou a Nanã para reclamar de seu marido. Nanã ouviu Obatalá e chamou o marido da mulher e para poder ouvir a versão dele também. Nanã Burku com certeza havia mudado! Após este “julgamento”, ela chegou até a mostrar o jardim dos eguns para Obatalá!
Agora, surgiu um grande problema.
Obatalá desejava controlar os eguns também. Para fazer isso, ele esperou vários dias até ficar sozinho no palácio de Nanã. Um dia, quando ela estava fora, Obatalá vestiu as roupas dela e visitou o jardim dos eguns. Ele imitou a voz dela e mandou os eguns obedecerem ao velho que também morava no palácio. A partir de então, Obatalá também foi capaz de controlar os eguns!
Quando Nanã descobriu que Obatalá era capaz de controlar os eguns, ela surpreendentemente não se irritou com ele. O feitiço que ele lançou sobre ela ainda estava funcionando! Nanã era absolutamente apaixonada por Obatalá! Na verdade, ela estava tão apaixonada que queria ter um filho com ele! Obatalá, no entanto, disse a Nanã que eles não poderiam ter um filho porque compartilhavam o mesmo sangue. Ela não deu a mínima e continuou com o desejo de engravidar de Obatalá.
Então o que você acha que ela fez para engravidar?
Óbvio! Um feitiço!
Naquele dia, Nanã Buruquê preparou um pouco de comida para Obatalá e misturou um pouco de pó mágico nela. Depois que Obatalá comeu, ele imediatamente adormeceu – mas partes de seu corpo permaneceram acordadas! A Nanã aproveitou para engravidou!
O resultado desse ato veio a ser Omulu. Vou escrever um pouco sobre ele abaixo.
Nanã Buruquê é mãe do belo e do feio
Nanã Buruquê teve muitos filhos. Dentre todos eles, dois são considerados os opostos: Omulu e Oxumaré.
Oxumaré é considerado a personificação da beleza. Ele é um homem que também tem características de uma mulher em seu corpo. Em alguns contos, ele é um ser andrógino e também capaz de se transformar em animais. Oxumaré era tão lindo que Nanã tinha orgulho dele e queria que todos o vissem. Dessa forma, ela o elevou ao céu para que ali brilhasse, formando o arco-íris.
Porém, o seu outro filho, Omulu, era feio. Na verdade, ele era tão feio que Nanã cobria todo o seu corpo para que ninguém o visse ou zombasse dele por causa de sua aparência. Em alguns outros contos, ela o rejeita e o abandona. Um dia ele é encontrado e adotado por Iemanjá.
Em todo caso, esta história nos lembra de que tudo o que pode ser considerado belo e feio, bom ou mau, e assim por diante, vem de Nanã Buruquê. Ela é capaz de criar e também de destruir. Ela equilibra a vida e a morte. Todos os opostos são encontrados em Nanã.
Símbolos da Orixá Nanã Buruquê
É muito fácil identificar Nanã Buruquê dentre todos os Orixás por causa de suas cores e símbolos. Ela é a orixá mais velha de todos, por isso é sempre retratada como uma senhora de idade avançada. Além disso, Nanã está sempre vestida com roupas roxas e brancas e segurando um Ibirí – uma espécie de cajado feito de folhas de dendê.
Além disso, Nana também é simbolizada pela lama. Como escrevi acima, ela mora na lama e ofereceu lama a Obatalá para que ele pudesse criar os primeiros seres humanos.
Então, resumindo, esses são os símbolos da Orixá Nanã Buruquê:
- Roupas roxas e brancas;
- Ibirí;
- Lama.
Já os animais relacionados a Nanã Buruku são os seguintes:
- Coruja (por sua natureza misteriosa e sábia);
- Cabra (como animal de sacrifício);
- Galinha (também como animal de sacrifício).
O arquétipo de Nanã Buruquê e seus filhos
A Orixá Nanã Buruquê é uma mulher calma e sábia. Ela faz suas coisas devagar, prestando atenção em cada detalhe de sua atividade. Ela é uma mestra em feitiços e bruxaria. Ela pode conjurar e controlar os mortos, bem como criar males e curá-los. O arquétipo de Nanã é semelhante ao da Deusa Anciã.
Na religião Yoruba e nas religiões que dela derivam como na Umbanda e no Candomblé, é comum encontrarmos pessoas que são “filhos de um Orixá”. Isso significa que um Orixá específico se torna uma mãe ou pai para você e você adquire suas características, humor e habilidades.
Dessa forma, os filhos da Nanã Buruquê tendem a ser calmos, fazer as coisas devagar, analisar as situações antes de tomar decisões e também tendem a ser protetores, principalmente com crianças. Outra característica dos “filhos de Nanã” é que, quando eles dançam, eles fazem movimentos circulares lentos e inclinam o corpo para a frente como se estivessem sendo sustentados por um bastão – muito parecido com uma velha com dificuldade de se levantar.
Nanã Buruquê no jogo de búzios
Quando você recebe o Odu 11, chamado Egi Ologbon, ao jogar búzios online, quem traz a mensagem é Nanã Buruquê e seu filho Oxumaré. Esse Odu aparece quando 13 búzios caem abertos e 3 búzios caem fechados. A mensagem que Nanã e Obaluaê trazem é “Sim e Não” ao mesmo tempo. Tanto Nanã quanto seu filho Obaluaê alertam para mudanças. Porém essas mudanças podem envolver doenças e mortes.
Sempre que jogar búzios online e tirar o Odu Egi Ologbon com Nanã Buruquê e Obaluaê, saiba que você precisa ter bastante cautela e observar de perto a sua saúde e a saúde das pessoas próximas a você. Esteja em paz e em equilíbrio.